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  DE DULCINEA À ANOSA PORTA  
 
Maria Carpi
19 de janeiro de 2016
    Muito belo o texto da comum amiga Dulcinéia.
    Como eu não sou lacaniana, assim interpreto:
    Duas palavras chaves: ADENTRAR e não abrir a porta.
    Ninguém OUSARA se lembrar dos seus guardados.
    Sempre estaremos sobrecarregados do peso alheio.
    Por isso a porta é anosa.
    
    Com muita dificuldade e aproveitando o ruído
    (coisas da adolescência), a porta foi forçada.
    Mas o menino não morreu, apenas FOI SUFOCADO.
    Ao escritor caberá narrar essa sufocação: a literatura
 
Quando escrevo,
não sou um, mas dois.
O que dita e o que redige.
 
Quando amo,
não sou dois, mas três.
Duas presenças
e uma ausência.
 
Quando morro,
com os idos e vindos
do instante alvejado,
tríade transbordante,

sou tão só, um.


MARIA CARPI é poeta.
O poema com o qual fecha sua nota está em
A força de não ter força.  São Paulo, Escrituras, 2003, Livro II: A vertigem sem abismo, p.94.


   



 


  
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