Luiz-Olyntho Telles da Silva Psicanalista |
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Em 6 de julho de 2008: Luiz-Olyntho, apreciei o teu conto. “Essa era a flor preferida de Ialá – disse
ele entregando-me a flor. Pensei que o Sr. Gostaria dela." [de Ialá,
da flor? Isso é anáfora...]
O jasmim é a flor da transitoriedade, mas seu perfume... A autora do estudo [ref. ao texto de Beatriz Duró] poderia explorar o que ela sugere como pulsão olfativa, pois, os odores e “cheiros” e até os ditos “odores de santidade” também podem ser estudados pela psicanálise. Chamam de osmogênese. Como sabes, Freud tem quatro trabalhos sobre parapsicologia. Nesse site enorme que te passo, do qual não dá para retirar texto, fala-se de uma “Sor Maria de Jesus, uma freira incorruptível, venerada como milagreira na cidade de La Laguna, em Tenerife, exalou durante diversos anos um forte aroma de jasmim...” Veja aqui as referências. Noutro site, esse mais
acessível, também aparece o odor de jasmim desses que não
conseguem morrer...
Li primeiro o estudo, e espero, como ela pede,
seja aprofundado, na direção das pulsões parciais olfativas
de que tanto as crianças gostam... ECA antes de ser Estatuto
da Criança e do Adolescente era “eca” mesmo. Fossas nasais
produzem ecas... e poros produzem acas... Nossos corpos tem
bem mais buracos e bem mais produtos dos que os atualmente bem comportados
da psicanálise...
O perfume do conto me salvou... Evocar perfume
– talvez tenha sido a brancura do fantasma, a suavidade e mistério
dele – em conto, me parece bem interessante. Não sei por que, mas quando,
aos 13 anos, decorei e declamei um poema de Vicente de Carvalho - ele andava
vestido de branco com um chapéu desses do bacharel (era de Recife
e Olinda...) -, a flor, do poema dele, que a fonte implacavelmente levava
para o mar, me parecia ser a de um jasmim.
Abraços, jlcaon
JOSÉ LUIZ CAON é Psicanalista,
com prática em Porto Alegre. Doutor em Psicanálise pela Universidade
Dénis Diderot, Paris VII, França. Ex Professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
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Conheça a A FLOR E A FONTE Vicente de Carvalho
"Deixa-me, fonte!" DiziaA flor, tonta de terror. E a fonte, sonora e fria, Cantava, levando a flor. "Deixa-me, deixa-me, fonte!" Dizia a flor a chorar: "Eu fui nascida no monte... "Não me leves para o mar". E a fonte, rápida e fria, Com um sussurro zombador, Por sobre a areia corria, Corria levando a flor. "Ai, balanços do meu galho, "Balanços do berço meu; "Ai, claras gotas de orvalho "Caídas do azul do céu!..." Chorava a flor, e gemia, Branca, branca de terror, E a fonte, sonora e fria Rolava levando a flor. "Adeus, sombra das ramadas, "Cantigas do rouxinol; "Ai, festa das madrugadas, "Doçuras do pôr do sol; "Carícia das brisas leves "Que abrem rasgões de luar... "Fonte, fonte, não me leves, "Não me leves para o mar!... "As correntezas da vida "E os restos do meu amor "Resvalam numa descida "Como a da fonte da flor..." |