Luiz-Olyntho Telles da Silva Psicanalista

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RIBALTA NATALINA


Luiz-Olyntho Telles da Silva


O sinal fechara e eu não estava na pista certa para seguir meu caminho.

Na ribalta do semáforo vermelho, um bugrinho escuro, maltrapilho e sujo, ensaiava um atrapalhado malabarismo com duas velhas bolas de tênis.

Um dos carros da frente, o da esquerda, entreabriu a janela para dar-lhe algum dinheiro. Foi quando vislumbrei, em seus grandes olhos, negros e limpos, um fulgor de alegria. O auto ao lado, no centro da primeira fila, se manteve fechado.

Quando me alcançou, dei-lhe também algumas moedas e recebi, numa troca inesperada, generosos votos de Feliz Natal.

O sinal abriu e eu, os olhos marejados de impotência, converti à direita.
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