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ILHA SEPARADA
SOBRE O LIVRO DE DINALDO LESSA
Luiz-Olyntho Telles da Silva
Porto Alegre, setembro de 2009.
Por mais descarriladas
que a natureza das coisas se apresente, para o poeta os bondes andam sempre
em cima dos trilhos. Se os homens são marmóreos, ferruginosos
ou de salitre, e as mulheres, ventos, astros, perfumadas espumas de rosas
rosa, o motivo da leitura não precisa ser outro do que um sábado,
mesmo inglês!
Para Dinaldo Lessa, seu
sábado é uma ilha, uma ilha separada, como essas nascidas
por entre os rochedos andinos (em cujo horizonte se alvissara uma
saudade – sentimento d’ouro –, do condor), feitos de palavras duras
e solitárias. Dinaldo Lessa, Poeta, sabe que não há
razão entre mim e mim mesmo. Necessita do outro, e, entre ele
e os outros, pélagos, pélagos a competir com a sorte da garrafa
jogada ao mar. Nela viaja o poeta metonímico buscando, com sua alma,
nutrir as palavras de pluralidade. Na impossibilidade
de dizer as coisas como são, o desejo do poeta é a busca da
melhor metáfora, da figura que melhor diga da sua visão. Algo
precisa se eternizar, mesmo a lembrança de um singelo e particular
momento, pétala desabrochada de uma única flor, um último
praquio capinauá! Se na ancestralidade do homem estava o lobo, e logo
o logos, por que logo se fez lobo? Por amor ao calembur? O poeta necessita
tanto do amor como das figuras de retórica para fazer face ao enigma
humano. Procurando-se no vazio reflexo da janela, com seu olhar de tigre,
o que vê é seu (in)verso. Versos. A cada
novo reflexo, novos versos: o destino traçado no voluptuoso e transgressor
halo galáctico, um fado revelando-se ao vento, poeira nos olhos
do tempo?
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