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APRESENTAÇÃO
DE LIVROS
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Em
ILHA SEPARADA
de DINALDO LESSA
Ed. do Autor,
Recife, 2010.
Por mais descarrilada que a natureza
das coisas se apresente, para o poeta os bondes andam sempre em cima dos
trilhos. Se os homens são marmóreos, ferruginosos ou de salitre,
e as mulheres, ventos, astros, perfumadas espumas de rosas rosa, o motivo
da leitura não precisa ser outro do que um sábado, mesmo inglês!
Para Dinaldo Lessa, seu sábado é uma ilha, uma Ilha separada,
como essas nascidas por entre os rochedos andinos (em cujo horizonte se alvissara
uma saudade – sentimento d’ouro –, do condor), feitos de palavras duras e
solitárias. Dinaldo Lessa, Poeta, sabe que não há razão
entre mim e mim mesmo. Necessita do outro, e, entre ele e os outros, pélagos,
pélagos a competir com a sorte da garrafa jogada ao mar. Nela viaja
o poeta metonímico buscando, com sua alma, nutrir as palavras de pluralidade.
Na impossibilidade de dizer as coisas como são, o desejo do poeta
é a busca da melhor metáfora, da figura que melhor diga da
sua visão. Algo precisa se eternizar, mesmo a lembrança de
um singelo e particular momento, pétala desabrochada de uma única
flor, um último praquio capinauá! Se na ancestralidade do homem
estava o lobo, e logo o logos, por que logo se fez lobo? Por amor ao calembur?
O poeta necessita tanto do amor como das figuras de retórica para
fazer face ao enigma humano. Procurando-se no vazio reflexo da janela, com
seu olhar de tigre, o que vê é seu (in)verso. Versos.
A cada novo reflexo, novos versos: o destino traçado no voluptuoso
e transgressor halo galáctico, um fado revelando-se ao vento, poeira
nos olhos do tempo?
Luiz-Olyntho Telles da Silva
Porto
Alegre, setembro de 2009.
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