Luiz-Olyntho Telles da Silva Psicanalista


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GEZÉRA CHAVA
Efeitos de uma análise com Lacan

Luiz-Olyntho Telles da Silva

Criança, ama com fé e orgulho a terra em que nascestes.
(OLAVO BILAC)

Blut ist ein ganz besondrer Saft. [1]
(GOETHE, Fausto, I, v. 1740)






Os casos clínicos que conhecemos em geral são relatados por aquele que conduziu a cura; na nossa área, pelo analista. De quando em quando, contudo, aparece algum analista contando algo de sua própria análise, enquanto analisante.

Inesquecível o relato de Smiley Blanton, publicado por sua viúva, Margaret Gray Blanton, Diário de minha análise com Freud.[2] É ainda hoje um texto muito corajoso onde ele nos conta a intimidade de seus sonhos, assim como fez o próprio Freud ao inventar a Psicanálise. Mas o livro, como ele mesmo diz, é um diário das sessões (entre 1929 e 1938), preocupadas sobejamente com aspectos literários e com a teoria psicanalítica de recente construção. Blanton parecia estar aí antes para aprender uma técnica e as coisas que conta tem a ver mais com um mal estar geral do que com o reconhecimento de um sintoma. De qualquer modo, ele coloca aí, na boca de Freud, coisas muito interessantes, tais como a seguinte alocução: Ao desenvolver uma nova ciência deve-se fazer as teorias de forma não muito precisa. Não se pode fazer as coisas bem delimitadas. Mas quando se escreve, o público exige que se tenha as coisas bem definidas, pois de outro modo crêem que não sabemos o que estamos dizendo.[3] Freud está aí com seus setenta e quatro anos e sabe que há ainda muito trabalho pela frente.

Depois dele, houve outros relatos, inclusive de análises com Lacan, e todos eles nos dizem algo da relação transferencial com seus analistas. Em geral constituem-se em uma forma de agradecimento.

Entre esses relatos, talvez o mais recente seja o de Gérard Haddad.[4] É sobre ele que irei me deter.

Gérard vem de uma família de judeus tunisianos. Seu pai quer que seja médico. Se tiver que ser, será um psiquiatra, um médico de loucos, um modo de deslustrar o título – como ele o diz – e agredir o pai, o que o faz também se declarando ateu. Sua adolescência coincide com o processo de independência da Tunísia, momento de uma torrente cultural vinda da França. Teatros, conferências, recitais, livros, livros e livros. Entre eles, uma Introdução à Psicanálise, escrita pelo próprio Freud, deixa-o apaixonado: fazer uma Psicanálise tornou-se um sonho. Aí estava o caminho para livrar-se da infelicidade proporcionada pelos problemas sexuais da adolescência. Mas a vida dá voltas. Quando vai visitar a namorada - S. - que conhecera um ano antes, em Paris, durante as férias, encontra-a, para sua surpresa, internada em um Hospital Psiquiátrico, em Munich, aos gritos, em um pavilhão de agitados. Gérard fica horrorizado e se convence de não ter as forças necessárias para combater a loucura, jogando fora as armas antes de tê-las usado - como ele nos diz. Na verdade, temos de dizê-lo, nesse momento ele nem mesmo conhecia os instrumentos disponíveis. Desarvorado com sua decisão, depois de ter se preparado durante todo o secundário para a Faculdade de Medicina, ele resolve dedicar-se ao trabalho agrícola, para desespero de seu pai que já o imaginava um camponês, um fellah. O professor encarregado de examiná-lo para o ingresso na escola agrícola, porém, entusiasmado com as boas notas de seu currículo, encaminha-o para a Faculdade de Agronomia. Gérard Haddad torna-se agrônomo, especialista em rizicultura, casa-se, tem dois filhos e vai muito bem no seu trabalho. Publica um livro sobre sua adolescência, elogiado por Simone de Beauvoir e que ele supõe ter estimulado Sartre a escrever o seu Le mots. Seu interesse literário e pelas esquerdas leva-o a encontros interessantes: entre eles, Louis Althusser, a quem reconhece como seu maître à penser. Mas também conheceu um psiquiatra, o Dr. G., com quem começou uma psicoterapia de inspiração analítica. Embora preferisse uma escuta, o Dr. G. lhe receitava calmantes, mas também lhe fez escutar o nome de Lacan pela primeira vez. Seu casamento com A., uma gói italiana, é difícil. Seus sintomas obsessivos incomodam e ele não perde a esperança de fazer uma análise. Tentou fazê-la com Octave Mannoni que a considerou impossível, uma vez que nessa época Gérard Haddad trabalhava na África. É depois dessas andanças que – em uma passagem por Paris – resolve telefonar para a Clínica do Dr. Lacan, na esperança de analisar-se com um de seus alunos. Recebe-o o próprio Lacan e a análise então começa.

O relato de Gérard Haddad não é modesto. Ele reclama para si nada menos que as palavras de Rousseau na abertura das suas Confissões: Fundo um empreendimento que nunca teve exemplo e cuja execução não terá imitador. Veremos o quanto ele busca fazer justiça a essa epígrafe.

Seu livro esparrama-se ao longo de doze capítulos e centrarei minha análise em um deles, o antepenúltimo.

Antes de continuar, um porém: a análise que buscarei empreender será sobre [a tradução d’]o texto publicado onde o autor supõe um analista. O que Lacan mesmo pensava sobre esse analisante, não tenho nenhuma notícia.

O episódio por mim escolhido é um que coloca em destaque este fenômeno tão comum nas análises e que os tradutores brasileiros de Freud deram em chamar de parapraxias, as Fehlleinstungen, isso que com Lacan passamos a incluir nas formações do inconsciente, no caso um ato falho.  Na situação em exame tratava-se de um verhören, um lapso de audição. E mais, um lapso, um verhören do analista. Não é raro que isso ocorra.

Freud recomendava aos analistas escutar aos analisantes com uma atenção muito especial, com uma atenção flutuante, com uma gleichshwebende Aufmerksamkeit[5], quer dizer, com uma atenção que dá, por princípio, o mesmo valor (gleich) a todas as palavras. É assim que ele recomenda ao analista tomar o texto do analisante como a um texto sagrado, um texto onde todas as palavras têm o mesmo valor. A diferença entre uma e outra, Lacan nos oferece para pensar, está em seu valor significante, quer dizer em seu valor de representação do sujeito para outro significante, dentro de uma cadeia. E esse significante, basicamente um som, sem um significado especial, quando toca no ouvido do analista provoca uma reação; podemos dizer mesmo que desperta no analista uma reação, muitas vezes com valor de interpretação. O lapso de audição, nesse caso, pode ser tomado como um indicador da atenção gleichshwebende, equiflutuante, por parte do analista.

Aqueles que conhecem o relato de Gérard Haddad, O dia em que Lacan me adotou, já terão identificado o episódio em destaque: aquele ao qual ele se refere como leucemia: A “leucemia” do Dr. Lacan.

Trata-se de algo muito simples: depois de uma noite difícil, em que o analisante tinha brigado mais uma vez com sua mulher, a quem durante todo o relato chama de A., começa sua sessão por estas palavras:

— J’ai passé une de ces nuits!

Ato continuo, o analista, como que arrancado da sonolência de sua tarde (a expressão é dele, do Gérard Haddad), - despertado pelo significante, eu diria - interpreta:

— Quoi? Comment? Vous avez la leucemie?

 

une-de-ces-nuits

la-leu-ce-mie

 

Observem como no francês ocorre uma certa homofonia entre as duas expressões! Seja como for, o fato é que o analista interrompe a sessão exatamente no momento em que o analisante protesta dizendo nunca ter falado em leucemia.

Haddad, nesse momento, depois de muitas voltas  as quais incluíram sua entrada na Faculdade de Medicina para poder tornar-se e praticar como analista , está por terminar a Faculdade, sua segunda Faculdade, e, para tal, lhe faltam alguns exames. É para aí que ele dirige o valor da interpretação, ainda que com uma frase ambígua: Tenho leucemia... Nesse momento Haddad já leva sua análise com Lacan por mais de sete anos, o que se não é muito, também não é pouco. Digo isso apoiado também em um tempo lógico, no qual se pode ver o que ele conseguiu até aí, e o que não. Ele já sabe da importância de tomar em consideração as palavras do analista, ainda que essas sejam enigmáticas. A transferência é a base de sustentação necessária para esse crédito. Põe-se então a estudar a leucemia, convencido de que isso teria a ver com suas provas e o resultado não foi outro: em seu exame principal o ponto sorteado será o de hematologia, onde ele se sai muito bem.

Contentíssimo, ele se apresenta na sessão seguinte onde sua agitação explode nas seguintes palavras: Sabe, eu de fato peguei a leucemia, peguei-a nas provas clínicas. E em seguida arremata: É magia! Ao que o analista considera: — Não se trata de mágica, mas de pura lógica. E o analisante, já adentrado suficientemente nos estudos teóricos se dá conta, ainda que com muitas interrogações, tratar-se aí da lógica do significante.

Era algo que tinha a ver com ele e só com ele. Com um colega de análise, em análogas circunstâncias, por exemplo, a análise não tem o mesmo efeito e o sujeito não consegue terminar sua faculdade. O que estava em jogo aí era o seu particular desejo.

  É possível que pudesse terminar por aqui essa análise. Considerado o desejo, no momento em que o analista capta a força do significante, esse arrasta consigo o que for preciso para sua realização.  Trata-se de lógica e não de sorte. Comigo aconteceu o contrário: ainda adolescente fiquei para um exame de segunda época em Latim. Era preciso saber a tradução de  se bem me lembro  onze textos. Pois consegui decorar dez deles e o sorteado foi justamente o que eu não sabia. A lógica: eu não sabia nenhum, apenas os tinha decorado.

Mas esse episódio é apenas uma parte, uma pequena parte de um longo capítulo do relato, um capítulo que vai de suas primeiras preocupações com o passe até o momento de sua autorização como analista. E no relato dessa passagem ele vai abordando uma série de pontos, utilizando uma série de metáforas as quais, no seu conjunto, levaram-me a valorizar o episódio da leucemia como uma chave, como um importante epicentro de sua análise. Seus desdobramentos nos possibilitam acompanhar a trajetória dessa análise desde a intersubjetividade com Lacan, conforme ele nos conta, mas também com o autor dessas linhas, se vale o Latim.

A interpretação de Lacan, através de seu verhören, tem uma implicação bem maior, bem mais ampla do que se imagina a primeira vista. Embora eu não possa afirmar ter o autor do relato se dado conta de todo o seu alcance, posso dizer que por algum motivo ele nos apresenta esses dados do modo como nos apresenta.

Afinal, como é que se consegue dizer exatamente o que se quer se as palavras não alcançam para tanto? Essa impotência da linguagem nos tem a todos os falantes, analistas ou analisantes.

Vejamos então como ele vai encadeando seus tópicos.

  Ingressado nos temas mais esotéricos da psicanálise, defronta-se com um fracasso, o do passe. Fala-se muito, de muitas coisas, mas sabe-se pouco e ele resolve fazer suas próprias descobertas.  Compara-se então a Jó que não podia mais se contentar com uma fé em De us transmitida pela tradição e que desejava uma radical e direta redescoberta de Deus. Ele quer conhecer o complexo de Édipo em si mesmo e suas investigações sobre o objeto a levam-no ao nada, para o aplauso de Lacan.

Vejam contudo com a ajuda de qual metáfora ele nos conta ter chegado a essa descoberta. Ele a chama de uma epifania. Não bastasse sua preocupação com uma direta redescoberta de Deus, eis que sofre  vou dizer assim  ao ver clarear diante de si um conceito, uma epifania. Uma vez alcançado esse nada ele traz para a análise esse achado por ele batizado de filho de uma noite de Iduméia. Nada mais, nada menos. Um filho d’une nuit.

Já sabíamos de suas preocupações com a questão religiosa, mas o que transparece nessa noite de Iduméia não deixa de ser surpreendente. Mesmo porque ainda guardamos na memória o ocorrido em sua primeira entrevista com o suposto aluno de Lacan: Gérard está entrando na Rue de Lile, onde fica o consultório do Dr. Lacan e, ainda na rua, é invadido por uma idéia estranha, uma representação que já o visitara em sua adolescência, algo da ordem  outra vez  de uma epifania na qual ele fica de pé, imóvel e silencioso. Sou todo olhar  diz ele , e esse olhar está virado para o véu que esconde o Santo dos Santos do Templo de Jerusalém. Surpreendente para um ateu, não é mesmo? O exame da metafórica noite de Iduméia nos ajudará a melhor compreender o laço por ele estabelecido entre Deus e Édipo.

Registremos antes de tudo que a Iduméia nem sempre se chamou assim. Antes, esta região próxima do rio Jordão chamava-se Edom. Apareceu como estado nacional no segundo milênio a.C. e, pasmem, por haver se cumpliciado com árabes e filisteus, quando esses expugnavam Jerusalém, Edom tornou-se, na literatura profética, o protótipo dos poderes antiisraelitas e antidivinos, mesmo embora sua sabedoria fosse muito estimada em Israel. Quando Nabucodonosor conquista Jerusalém os edomitas invadiram o território dos judaístas sob pressão dos nebateus o que provocou diversas ameaças dos profetas, e na história posterior esses edomitas recebem o nome de idumeus. – Registre-se a importância da mudança de nome.

Vejam então em que nuit ele vai buscar sua singular descoberta do significado do objeto pequeno a. Justamente na sapiente noite dos inimigos de Israel, dos ambivalentes inimigos, eu diria.

Para melhor identificar esse território, vejamos como Isaías o descreve em sua ameaça:

 

Isaias 34: 9-15

9 Os seus córregos [da Iduméia] se transformarão em piche, o da sua terra em breu e o seu chão ficará como piche fervendo. 10 Passam dias e noites e o chão não se esfria, fica soltando sua fumaça para sempre. De geração em geração fica no abandono, e era após era ninguém mais passa por aí. 11 Seus herdeiros são o pelicano e o ouriço; a coruja e o urubu fazem aí sua morada. Javé estenderá aí o prumo do caos e o nível da confusão. 12 Não haverá nobres para proclamar um rei, os seus chefes desaparecerão. 13 Crescerão espinhos em seus palácios e em suas fortalezas ervas daninhas e urtigas; será morada do lobo, esconderijo dos filhotes de avestruz. 14 vão se encontrar o gato do mato e a hiena, o cabrito selvagem chamará seus companheiros; aí Lilit vai descansar, encontrando um lugar de repouso. 15 vai se aninhar a cobra, que botará, chocará os seus ovos e recolherá sua ninhada em sua sombra; aí se reunirão as aves de rapina, cada qual com sua companheira.

 

Será demasiado tomar esta descrição de Isaías como constituinte do pano de fundo do psiquismo desse sujeito? Sim, talvez seja, mas não deixemos de notar, contudo, que ele pelo menos aponta para uma difícil identificação com sua raça. Iduméia representa sua ambivalência em relação ao judaísmo de seus pais. Não é à toa que ele se casa com uma gói, uma gói que, resolvida a ambivalência, se converte ao judaísmo.

Talvez pareça terrível a idéia de alguém ter de passar por essa visão de si mesmo. Pode ser. Mas a verdade é que, nesse caso, a utilização dessa metáfora permitiu-lhe ir adiante. É depois disso que ele reconhece a metamorfose sofrida na análise com Lacan. Ele passa por aí para chegar ao terceiro nível de sua formação que na tradução de Procópio Abreu aparece como supervisão. Para ele o primeiro nível consistia na análise propriamente dita enquanto o segundo era provido pela participação nos seminários.

Desestimulado por Lacan de supervisionar com o próprio analista, Haddad procura Claude Conté, um analista da quarta geração, segundo o critério de Elisabeth Roudinesco. Próximo de Lacan, Conté ocupou diversos cargos importantes na Escola Freudiana de Paris, dando, contudo, alguns passos  eu diria  sem uma boa inspiração: primeiro, enquanto um dos responsáveis pelo passe na instituição, cabe a ele comunicar a Juliette Labin  analista experiente, com vasta clientela e AME[6] da Escola  a decisão negativa do júri quanto ao seu passe a AE[7]. Ele o faz, e como resposta ela comete suicídio. Estamos em 1977. Na dissolução da EFP[8], dois anos depois, sua inspiração falha mais uma vez e ele apóia Miller na Fundação do Campo Freudiano. Leva um tempo demasiado longo para reconhecer o maquiavelismo maoísta de Miller e voltar atrás. Haddad diz que ele tem um fim trágico que desconheço, mas que não duvido.

Maus passos não eram, porém, o todo de Conté e ele ajuda decisivamente Haddad em um momento crucial de sua análise já bem avançada: De saco cheio com as curtíssimas sessões de Lacan, G.H. decide abandoná-lo, pedindo a Conté que o receba em análise.  A resposta ética de seu supervisor o surpreende: Não, vá vê-lo de novo. É com ele que as coisas aconteceram. Não se troca assim de analista, sobretudo quando as coisas foram levadas tão longe.

  São passos, todos esses, que o ajudam a clarear sua identificação, a fortificar seu sangue. De volta ao divã, ele participa de cartéis e destaca um em que se estuda a Identificação. Ai coCaixa de texto: Identificação nhece A.D. uma colega a lhe dar uma grande ajuda, amorosa e mesmo financeira. Ler em A.D. a clássica abreviatura de Ano Domini não me parece exagero: A.D. será para ele um pai a abrir caminho até a publicação de seu tão desejado livro.

É neste clima, com uma possível ambivalência entre A. e A.D. (este A. com um algo a mais, da ordem do imaginário), que ele vai para a análise falar de ces nuits, possibilitando a Lacan escutar a já mencionada leucemie que o leva a estudar toda a hematologia e particularmente a questão das anemias. O que G.H. ainda não sabe, o que ele ainda não se deu conta é que a letra escolhida para identificar sua esposa é o mesmo A com que se identifica ao Autre com A maiúscula. Mais adiante Lacan apontará esse lugar para ele.

  Pois essa valorização do sangue me remontou à primeira parte do Fausto de Goethe, quanto Mefistófeles está ultimando a negociação de sua alma e pede que o contrato seja assinado com sangue. O contexto dá a entender que Mefistófeles assim o quer porque se trata, todo ele, de um suco, de um extrato, de um licor especialíssimo. O que fica dito nas entrelinhas é que o que o Diabo quer mesmo é esse sangue. É aí que está a vida. Onde está o sangue, aí está a atenção, como já disse alguém. E a ambivalência de Haddad encontrava nessa anemia uma metáfora. Aí estava não a fraqueza de seu sangue, mas sim sua fraqueza com relação a seu sangue, vale dizer com sua raça.

  O quê acontece na leucemia? A produção normal de glóbulos brancos é afetada, os glóbulos não amadurecem para desempenharem suas funções e, doentes, passam a se multiplicar, tomando também o lugar dos glóbulos vermelhos e das plaquetas. O sangue fica a guado. Lembram dele comparar o conhecimento do Édipo ao conhecimento de Deus, e também de sua necessidade de contrariar o pai que tanto gosto fazia em seus estudos de medicina? – Havia mesmo um problema com seu sangue. Custava-lhe chegar a essa conclusão. Quando a comissão de exames clínicos lhe pergunta sobre a síndrome de Garcin, ele não lembra, não sabe tratar-se de um câncer na cabeça. Mas a lógica do significante é tão potente que mesmo tendo sido reconhecida apenas uma de suas partes ela não deixa de produzir seus efeitos.

Agora ele já pode se ocupar de seu próprio passe. Mas, outra surpresa, o cenário desse passe não será o ritual proposto pela escola e sim o proposto pelo bar mitzva de seus filhos. O que se ganha dos pais, paga-se aos filhos. No caso, ele paga com os juros da elaboração do Édipo. Desdivinizada, a identificação já pode passar por trâmites mais simbólicos.

   No exame desses trâmites ele se reconhece um pai patógeno para seus filhos. Pois esse reconhecimento, nada fácil, com a força de uma castração simbólica, possibilita mesmo que Lacan o autorize a tomar seus próprios filhos em análise, ainda que por um curto espaço de tempo. Eis aí um momento em que se pode apreciar os efeitos de uma destituição subjetiva. Isso certamente lhe possibilitou adentrar ao complexo tema da identificação primária. Seguindo uma indicação de Lacan ele se dedica, então, ao estudo das culturas sem íticas. Pode ser que aí tenha se encontrado com os Idumeus, com os irmãos Esaú e Jacó. Com Esaú, também chamado de Edom, e com Jacó que depois de ter lutado com um anjo, e saído vencedor, tem seu nome mudado para Israel. A experiência do passe, tenha ou não dado certo, tem sua verdade e o importante é que essas passagens implicam na mudança de nome. A valorização desses passes abre-lhe a possibilidade de perceber a verdade contida mesmo na passagem de ano, este passe denominado de Rosh Há-Shana pelos judeus, e ele então se dá conta de que todas aquelas comidinhas acompanhadas de rezas com fórmulas particularíssimas é o equivalente de um jantar totêmico. O que se come aí são fundamentalmente palavras. Este estalo é tão importante para ele que mais tarde o desenvolverá em um livro chamado Comer o livro. Seu primeiro ensaio sobre o tema, contudo, é contagiado ainda de sua ambivalência e ele não crê no seu valor surpreendendo-se quando Jacques Hassoum e Erik Porge, entre outros  e depois o próprio Lacan  ficam excitados com sua exposição.

Sua relação com o Talmude já é bastante clara, e inspirado em um de seus doutores que dizia ter aprendido mais com seus alunos que com seus mestres, ele propõem a EFP um projeto de leitura dos textos de Freud relacionados à neurose obsessiva e é aceito.

Esta iniciativa é plena de consequências: a primeira relacionada é o próprio fato de ter seu projeto aprovado por uma instância capaz mesmo de reprovar projetos de colegas do status de um Leclaire. Verdade que nesse projeto negado, Leclaire estava associado a Antoinette Fouque a quem G.H. chama de Egéria, egéria do feminismo. Egéria é o nome de uma ninfa que dá conselhos, e esse não é um princípio recomendado pela Psicanálise.

Depois, a questão religiosa, sempre presente, vem dominar a cena. De uma parte, Françoise Dolto encarnará o lado cristão buscando evangelizar a Psicanálise. G.H., aferrado ao Talmude, busca extrair dele contribuições para a Psicanálise. Ainda que ocupados ambos com a religião, são posições bem diferentes: enquanto Dolto quer aproximar a Psicanálise da Religião, fazendo da primeira um braço da segunda, G.H. procura na Religião elementos que possam contribuir para a leitura da Psicanálise. É assim que ele instrumenta sua obsessividade. Do Talmude ele retira elementos que lhe permitem ler a loucura, mas não só! Daí ele retira também elementos com os quais consegue dar certos parâmetros à teoria da interpretação. Para tanto ele se apóia no cânon do Rabino Ismaël que abrange um total de treze regras.

As primeiras das quatro regras com as quais se constitui o discurso do Midrash são a héqèch, a gezéra chava, a qal vahomer e a binyan av. São todas muito interessantes: a primeira, a héqèch, é um argumento de assimilação. O termo constitui um substantivo derivado do verbo aproximar, chocar dois objetos e, no campo jurídico, assimilar ou pelo menos aproximar duas espécies jurídicas.

A segunda regra, a gezéra chava, em hebraico significa ao mesmo tempo palavra e julgamento.  Gezéra chava designa termos idênticos, ou também Issorhem, palavras semelhantes implicando a noção de analogia.

A terceira, a qal vahomer é definida como um raciocínio a fortiori. Qal significa leve em hebraico e designa uma prescrição menos grave ou mais difícil de observar do que outra, ou simplesmente o que é permitido, puro, isento de falta. Homer significa matéria pesada e, no direito, um mandamento grave. Uma boa tradução para a qal vahomer seria uma coisa menos grave e uma coisa mais grave, algo da ordem do oximoro.

A binyan av consiste em um argumento a contrário, um argumento para excluir as implicações que podem resultar da Tora. Contrariamente à analogia que estende o campo de uma norma, ele o restringe. Os elementos subentendidos da regra são agora excluídos pelo intérprete. – O adágio latino Qui dicit de uno, negat de altero, qui de uno negat, de altero dicit, parece bem expressar essa regra na qual não seria impossível encontrar as bases da negação, da Verneinung freudiana.

Enfim, menciono essas regras porque Haddad privilegia uma delas, e não uma qualquer e nem a primeira e nem a última. Privilegia a segunda, a gezéra chava. Embora a pronúncia dessa expressão no hebraico possa ser diferente, proponho lê-las de modo transliterativo, como no nosso português, como g e como ch. Gezera tem a ver com ligsor que é igual a nossa tesoura. Chava conota literalmente chácara, fazenda, qualquer pedaço de terra. Na verdade leio esta regra assim: Gez-era-a-chave. A letra z pode soar para nós como s, fazendo o plural de g: gês.  Acredito que esse jeu de mots, que esse calembur faça sentido mesmo em francês e por isso vou mantê-lo. Ges era a chave. Ge de Gérard, mas também de gênesis e de je, o eu francês com o qual Lacan representa o sujeito do inconsciente. São quase sinônimos. Não são? Gerar e gênese? Embora Haddad tenha traduzido o gezéra chava por transferência significante, seu sentido primeiro é o de conexões recorrentes. Parece ser a regra por excelência a dar ao Talmude seu estilo. Aí está! Gerar e gênese são termos recorrentes, ainda que nas línguas latinas. Em hebraico, para Gênesis, diz-se Bereshit que significa no princípio, e interessante que este princípio não começa com a primeira letra do alfabeto, e sim com a segunda, justamente com a segunda, bet. A insistência da segunda? Talvez para dizer que sem o segundo não é possível pensar no primeiro! Estamos novamente às voltas com as mudanças de nomes e com a volta às origens, ao Bereshit, ao princípio da Torá, ao sangue de sua raça. Se lembrarmos que o desenho da letra bet [ב] representa uma caverna, uma casa primitiva, talvez fique mais fácil entender que seu projeto de estudo da neurose obsessiva, ao seguir a proposta lacaniana de retorno a Freud, engancha-se precisamente em seu caminho terapêutico de retorno às próprias origens, de retorno à casa, tal qual o filho pródigo. Não fosse tudo isto, a simplicidade da tesoura cortante contida na gezéra e as terras nomeadas pela chava, os grandes e cultivados arrozais de sua antiga profissão bastariam para ver que os cortes sofridos em sua análise não estavam sendo sem conseqüências em sua segunda profissão. Segunda, note-se, tornada primeira.

  Envolvido nesse processo, Haddad nos faz uma singular confissão: por vezes, quando esperava por sua consulta na biblioteca do Dr. Lacan, esse deixava a porta do consultório entreaberta  não se sabe se inadvertidamente ou não  transformando-o em auditório e aí, o que é que se escuta? A primeira frase que ele nos conta ter escutado é a seguinte: Durante toda a minha análise  dizia um analisante  pensei que o senhor fosse judeu e, no entanto, o senhor não o é! Não é preciso haver trilhado muito tempo o caminho da Psicanálise para saber que quando se fala dos outros, algo se diz da gente mesmo. Ser judeu era sem dúvida uma questão importante para Gérard Haddad. Por ocasião de sua formatura, seu pai que tanto queria vê-lo médico não estava feliz, não queria comemorar com ele, deixando-o só! Queria vê-lo como médico, certamente, mas não assim, tão longe de casa, tão longe da beit. Gérard ainda está em trânsito.

Impossibilitado de resolver esta difícil questão com seu próprio pai, elabora-a na análise, lugar apropriado para isso, onde o analista poderá suportar os papéis necessários a essa durcharbeitung.

  Em outra cena desse auditório, Haddad mostra que sua valorização da religião ainda o leva a confundir aquilo que escuta, obnubilado por sua subjetividade. Agora é Lacan quem fala a um suposto candidato a análise: — Se você estivesse em seu país  diz Lacan , consultaria um feiticeiro para o mal de que sofre. Mas aqui, na Europa, você vem ver um psicanalista. E em seguida acrescenta: — Vou enviá-lo a um de meus alunos que o ajudará a resolver o seu problema. Pois eu suponho que a confusão de Haddad resida justamente, conforme nos conta, em acreditar que para Lacan havia uma equivalência entre o feiticeiro, ou xamã, e o psicanalista. – Uma coisa é que, se estamos pensando nos quatro discursos propostos por Lacan, ambos possam ocupar o lugar do agente, mas não podemos esquecer que ocupado por um ou por outro, teremos discursos diferentes. Ocupado pelo analista, justamente pelo a de sua primeira preocupação, um representante do resto, desse nada de segundo grau, diferente de um nihil inicial, diferente do zero de origem, teremos um discurso do analista que, se chega a ficar famoso, é porque cura. Mas ocupado por um xamã, cheio de poderes, tal qual um S1, um Amo, o discurso será outro e só curará, como  se diria através da regra binyan av, ao contrário, se for famoso.

Os conceitos da religião certamente podem ajudar, mas não é sendo religioso que o analista fará seu trabalho. Quando Lacan propõe encaminhar esse paciente para um colega, ainda que um aluno, suponho que com essa atitude ele esteja dizendo da impossibilidade inerente ao discurso do Amo exigido pelo candidato. Lacan conhece bem sua relação com a fama e sabe que esse candidato demandava dele uma cura xamânica. Ao não aceitar esse lugar do que cura porque famoso, Lacan possibilitava a esse candidato melhor examinar suas pretensões. Enquanto o discurso do analista está marcado pela castração, o do Amo, do Xamã, certamente não. Isso pode ajudar também a entender um pouco mais a posição de Dolto e o porque do desentendimento de Lacan com ela. Gérard consegue ver o difícil lugar de Dolto, mas nesse momento ainda não pode discriminar-se devidamente dessa posição. Sua crítica a respeito do título do livro de Dolto, L’Évangile au Risque de la Psychanalyse [1977], me parece adequado na medida em que ele expressaria melhor seu conteúdo se fosse ao contrário. A tradução portuguesa de certo modo da conta dessa ambigüidade. A psicanálise dos evangelhos[9] tanto pode dizer da Psicanálise contida nos evangelhos como dos evangelhos lidos à luz da Psicanálise. É somente desde o imaginário que podemos aproximar estas duas figuras, do Evangelho e a Psicanálise.

Ao longo dessa exposição, eu lhes apontei algumas mudanças de nomes. Pois agora quero apontar-lhes outra, crucial.

  Sua tese A loucura no Talmude finalmente encontrou um editor, mas, para levá-lo ao prelo, algumas modificações precisavam ser feitas em seu conteúdo, e também no seu título. Junto com seu Editor  de certo modo ocupando o lugar do Outro encontram outro título: O filho ilegítimo, subtitulado Fontes talmúdicas da psicanálise. A mudança de título, como a mudança de nome, não é sem consequências. Ele fala aí de Freud como um herdeiro, ainda que herético, dos mestres do judaísmo. Como sempre, ao falar de outro, fala de si, mas assim falando, está agora elaborando sua reconciliação, o que lhe possibilita escrever diretamente sobre um caso de conversão a pedido de Laurent Theis, diretor da revista H Histoire, então recém criada.

   O caso Aimé Pallière e a verdadeira religião será o título de seu artigo onde ele trata da relação entre um seminarista, católico, Aimé Pallière, e seu mestre, judeu, o Rabino Elie Benamozegh. Aimé quer converter-se ao judaísmo, mas é desaconselhado por seu mestre. É como se Benamozegh dissesse que cada um tem de fazer o seu melhor, mas no seu próprio campo. E aqui temos outra intervenção de Lacan prenhe de significados. Pallière adotara como pseudônimo uma expressão hebraica – loetmol – com o sentido de não ontem. Depois de ter mencionado isso em análise, ao pagar a sessão, G. H. surpreende-se com o fato do analista cobrar também a sessão do dia anterior, um feriado. Mas como? – Era uma multa a assinalar para ele a importância de não ter estado lá, no ontem, valorizando assim sua antecedência.

  Não ontem. O significado particular desse loetmol, substituto para um nome próprio, para ele era de não ter estado presente no ontem de sua raça. As perseguições, o genocídio, a shoah não tinha sido com ele! – Assumir este texto, trabalhar sobre um nome como este, Aimé[e], empregado pelo próprio Lacan como pseudônimo do caso de sua tese de doutorado[10], tinha também o sentido de retomar o valor das origens. O feriado não foi cobrado em vão. Haddad se ocupa da história de seu povo, visita Auschwitz e Birkenau onde conhece as valas nas quais a cada dia haviam sido queimados 20.000 corpos dos filhos de sua gente. Ele sabe agora que o holocausto não foi um crime apenas contra o povo judeu e sim contra toda a humanidade. E nesse momento ele registra: Lacan acompanhou-me atentamente, durante toda essa nova travessia do horror. Nova? Nova travessia? Qual foi a outra? Está bem, não faltaram momentos difíceis, mas diria também que não deve ter sido fácil atravessar a nuit de Iduméia.

E para terminar, só mais uma palavrinha sobre seu final de análise. Marcada a data para o final, ambos de acordo, as sessões se sucedem fazendo a análise avançar a passos largos, para usar sua própria expressão. E ao terminar esta última sessão, o analista pergunta: — Quando é que o vejo de novo? Manobra discreta, porém decisiva para evitar as catastróficas con­seqüências como as ocorridas como o Homem dos Lobos devido a fixação, por parte de Freud, de uma data para o fim-de-análise.  Haddad batiza este movimento de cura em trompe l’oeil, a meu ver um nome muito adequado, afinal esse talvez seja o mais francês dos estilos de pintura, o qual busca claramente enganar o olho. Esse engano  não nos enganemos  é aquele que consiste em fazer semblante de a e não o da taumaturgia. Frente aos comentários correntes dos mila­gres de F. Dolto, por exemplo, de que seus truques em geral só davam certo com ela, Lacan se posiciona dizendo não ser um taumaturgo. O que ele faz é possibilitar que a análise continue.

Ao concluir, queria lembrar que em toda a análise sempre ficam restos não analisados, algo a ver com o que Freud chamava de Das Ding[11]. Na frase gerada pelo vehören de Lacan por certo também. Pois eis que me ocorreu um trocadilho com o título do capítulo que estivemos trabalhando: A “leucemia” do Dr. Lacan. Deslocadas as aspas de leucemia para Dr. Lacan, isso certamente incluiria mais ainda a pessoa do analista, como produtor do ato falho. Afinal, o que ele diz, termina com a silaba mie, que em francês conota miolo, o miolo de pão, por extensão, os miolos, o cérebro. E o que tem a ver? Bem, na data do ocorrido Lacan está a cinco anos de sua morte, uma morte com um diagnóstico muito pouco claro. Negou-se sua doença até o último momento. O mais perto que se chegou foi a distúrbios vasculares de natureza cerebral, e o que sabemos desses distúrbios é tratar-se de uma patologia de lenta evolução. Enfim, parece que essa questão sanguínea também tinha a ver com o analista. Mas como sempre, só se sabe depois, a posteriori.

 

EPÍLOGO

 Não posso terminar sem expressar meu comovido agradecimento ao Dr. Gérard Haddad por sua honestidade intelectual e por sua generosidade. Seu texto me possibilitou uma inestimável proximidade com o Lacan-analista. O calor exalado de seu relato me contagiou a ponto de escrever este texto.

Muito obrigado

Resumo  

O presente trabalho busca explorar os efeitos de um ato falho produzido pelo analista Jacques Lacan no desenrolar de uma análise. O analisante – mais tarde também analista – é quem conta a história através de um relato muito sensível de sua própria análise. A época do episódio, já imbuído do desejo de tornar-se analista, ele está concluindo a Faculdade de Medicina e às voltas com uma neurose obsessiva de alto custo para suas relações profissionais (foi um Agrônomo bem sucedido) e especialmente para as relações familiares. Judeu tunisiano, ele havia renegado a religião na adolescência devido aos conflitos com o pai, e no transcurso da análise ele se reconcilia com a religião, tornando-se mesmo um estudioso da Torá e tirando dela uma grande contribuição para a teoria da interpretação na Psicanálise.

 

Palavras-chave

 

Ambivalência. Atenção flutuante. Ato falho. Complexo de Édipo. Epifania. Destituição subjetiva. Discurso. Final de análise.  Identificação. Interpretação. Lógica. Objeto a. Passe. Representação coisa. Significante. Sonhos.

 

Key-words

 

Ambivalence. Suspended attention. Parapraxis. Œdipus Complex. Epiphany. Subjective Dismissal. Discourse. End of analysis. Identification. Interpretation. Logic. Object a. Pass. Thing presentation. Significant. Dreams.

 

Palabras-llave

 

Ambivalencia. Atención flotante.  Acto fallido. Complejo de Edipo. Epifanía. Destitución subjetiva. Discurso. Final de análisis. Identificación. Interpretación. Lógica. Objeto a. Pase. Representación de cosa. Significante. Sueños.

 

Referências

BLANTON,  Smiley, Diário de mi análisis con Freud. Traducción de Martha Eguia. Buenos Aires, Corregidor, 1974.

DOLTO, Françoise / SÉVÉRIN, Gérard, A Psicanálise dos Evangelhos (1977). Tradução de Valdemar Ferreira Alves. Lisboa, Sociocultur, s/d.

FREUD, Sigmund, Ratschläge für den Arzt bei der psychoanalytischen Behandlung (1912). Frankfurt am Main , S. Fischer. Sigmund Freud Studienausgabe, Ergänzungsband, 1975, pg. 171

HADDAD, Gérard, O dia em que Lacan me adotou (2002). Tradução de Procópio Abreu. Rio de Janeiro, Companhia de Freud, 2003.

LACAN, Jacques, De la psychose paranoïque dans ses rapports avec la personnalité suivi de premiers écrits sur la paranoïa. Paris, Seuil, 1975.

NOTAS:

[1] É o sangue um licor especialíssimo. – Tradução de Agostinho D’Ornellas.

[2] Blanton (1974).

[3] Sessão de 6 de março de 1930.

[4] Haddad (2002).

[5] Freud (1912), pg. 171. – A tradução brasileira diz atenção uniformemente suspensa. Rio de Janeiro, Imago, Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, vol. XII, pp. 149-50.

[6] Analista Membro de Escola.

[7] Analista de Escola.

[8] Escola Freudiana de Paris.

[9] Dolto / Sévérin (1977).

[10] Lacan (1975).

[11] A coisa incapaz de se tornar palavra, por oposição a Die Sache, essa sim uma coisa capaz de se transformar em palavra.


FORTUNA CRÍTICA:

1 de novembro de 2007:
Luiz-Olyntho, tu trabajo me ha dado realmente mucho trabajo, tanto por el idioma como por las cuestiones bíblicas que no conozco bien. No obstante y de lo que pude entender, me parecieron exquisitas tus observaciones respecto del sostenimiento de la posición del analista y el semblant necesario en relación a esa cura. Por otra parte el fallido del analista evidentemente nunca es algo a desechar y puede orientar el trabajo si après coup se lo puede pensar.
Me encantó tu escrito y reitero mi alegría por haberlo visto.
Un abrazo
Alicia Alvarez
Tradução ao português:
Luiz-Olyntho, teu trabalho me deu muito trabalho, tanto pelo idioma como pelas questões bíblicas que não conheço bem. Não obstante, e do que pude entender, me pareceram exelentes tuas observações a respeito da sustentação da posição do analista e o semblante necessário em relação a esta cura. Por outro lado, o ato falho do analista evidentemente nunca é algo a ser desconsiderado e pode orientar o trabalho uma vez que possamos pensá-lo après-coup.
Fiquei encantada com teu escrito e reitero minha alegria por tê-lo lido.
Um abraço
Alicia Alvarez

Drª. Alicia Ruth Alvarez, é Psicanalista.
Membro da Escola Sigmund Freud de Rosário, Argentina.
Professora na Universidade Nacional de Rosário, Argentina.
Autora de La teoría de los discursos en Jacques Lacan. La formalización del lazo social, além de outros livros em colaboração e diversos artigos apresentados em jornadas e congressos nacionais e internacionais.