Luiz-Olyntho Telles da Silva
Psicanalista |
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A FORMAÇÃO DA CULTURA
Projeto de entrevistas com intelectuais Estas entrevistas buscam saber quais as influências, os episódios que influiram na vida dos principais intelectuais riograndenses - desde meu ponto de vista e de minha oportunidade -, que os levaram a trilhar o caminho da cultura. Com esse propósito, foram já entrevistados, desde maio/23, mensalmente, Armindo Trevisan, Maria do Carmo Campos, Luiz Antonio de Assis Brasil e Tabajara Ruas. Em setembro será a vez de José Eduardo Degrazia. Armindo Trevisan (em 18 de maio de 2023). Embora eu conheça o Professor Trevisan de longa data, um de seus livros chamou-me especialmente a atenção, Ler por dentro, de 2010. Aí ele nos oferece um dos conceitos mais bonitos de poesia que eu já vi: Poesia é luz enternecida. Veja aqui sua entrevista * https://www.youtube.com/watch?v=5cXWFrHYhy0 (Maria Carpi, anunciada, não pode confirmar o convite por questões de saúde) Maria do Carmo Campos ( em 29 de junto de 2023). Aprendi com Freud e Lacan que os poetas andam na frente. Parentes das pitonisas, dos magos, dos adivinhos, sentem os eflúvios da terra, dos ares, veem por entre as fímbrias do tempo. É desse preâmbulo que partem essas entrevistas. Veja aqui sua entrevista * Luiz Antonio de Assis Brasil (em 26 de julho de 2023). Antes que apresentá-lo a vocês, parece-me que seria melhor, como fez Aznavour quando lhe tocou apresentar Frank Sinatra em Paris, apresentar vocês a ele. Para uma apresentação mais completa, recomendo a da Profª Débora Mutter, no seu livro UM ROMANCISTA AO SUL. Dele, quero dizer umas poucas coisas. Primeiro, que, quando lancei-me na literatura, fui entrevistado por ele, em um programa que mantinha na TV da PUC, até com alguns elogios, não fosse ele o homem gentil que todos conhecem. Sérgio Faraco disse dele “o último gentil-homem”, e eu assino embaixo. De modo que, em parte, devo a ele por ter prosseguido na literatura. E ele fez isso com um sem número de escritores e poetas. Soube, ainda hoje, que ele orientou a primeira publicação de Maria Carpi, e prefaciou não sei quantos livros. Depois, essa sua capacidade, da qual possui um grande domínio e consciência (porque os artistas nem sempre têm consciência do que fazem), conforme está explícito em seu romance de 2012, Figura na sombra. Aí, ele tira da sombra a importante figura de Aimé Bonpland. Tirar figuras da sombra é uma característica presente em todos os seus livros nos quais pude me deter. E Agora, no seu último romance, tirou da sombra Leopold, o pai de Mozart. No simpático posfácio desse livro, ele nos conta um pouco de seus pais, amantes da música. E, no fio do romance, ele se apresenta na pele de um pai, acho que, pela primeira vez. Pois bem, hoje vamos aproveitar para saber um pouco dos primeiros passos dessa sinfonia, in progress, que vem sendo sua vida. E quero começar perguntando como foram suas relações com esses pais e o que foi mesmo que o levou para a literatura. Assista aqui a entrevista * Tabajara Ruas (em 9 de agosto de 2023). Escritor e cineasta, para apresentá-lo, é preciso acrescentar ainda o reconhecido título de Comendador, recebido por sua valorização de nossa história, da história dos gaúchos nas lutas por nossa liberdade. Em sua pena, no enquadre de seus fotogramas, os vultos de nossos antepassados aparecem em carne viva, com ossos e com alma. Gumercindo Saraiva, que lutou ao lado dos maragatos de Silveira Martins em prol de uma maior autonomia dos estados, tem sua vida esmiuçada, desde antes de seu nascimento, quando seus ascendentes foram se chegando às nossas plagas, até depois de morto, com seu corpo exumado e vilipendiado, parecendo continuar trotando pelo pampa, de tumba em tumba, em busca do ideal inalcançado. Antes dele, Antonio de Souza Netto, braço direito do General Bento Gonçalves na liderança da Revolução Farroupilha, lutando por nossa liberdade, numa luta inglória e sem fim, até ser morto na Guerra da Triplice Aliança contra o Paraguai, ao lado de Osório. Desde uma cama de hospital, um fio de sangue escorrendo pelo seu braço, até à palma da mão, o herói relembra as proezas, e também as iniquidades da guerra. Ao fundo, os latidos e os ganidos de um cão, uma porta batendo, o vento trazendo os fantasmas que ganham vida no balanço dos mosquiteiros. E Netto, que conhecia Dante, que conhecia Shakespeare, Swift, que conhecia Caldre Fião, que amava o Rio Grande do Sul, e também conhecia o grego e o latim, desde aí conta sua história provocando a emoção e as lágrimas do leitor. Pois é uma honra para mim poder entrevistar este homem, dono de uma tão rica imaginação. Então lhe pergunto, Comendador Tabajara Ruas: - como foi interessar-se pela literatura? Começou na infância? Assistam aqui sua entrevista * |